sábado, 5 de abril de 2008

O Cheiro do Ralo (2006)


O dono de uma loja que vende objetos usados se vê em apuros após ter que se relacionar com uma de suas clientes, que julgava estar sob seu controle.

Um filme bem a cara do Heitor Dalhia. Ou seja, entre o pop e o cult. O grande mérito de O Cheiro do Ralo pra mim é esse: sair do óbvio. Li resenhas na internet de gente achando o filme muito chulo, vulgar, etc. Na minha opinião, é essa trangressão que o faz ser tão interessante. Essa capacidade de falar de bunda e de merda sem, para isso, falar de baile funk carioca. Essa capacidade de falar de sexo sem falar de amor.
A gente se preocupou tanto em criar uma conciência socio-política no Brasil que esqueceu que existem outros tabus a ser quebrados, como essa relação com o corpo que a gente tanto critícia nos americanos (e elogia nos europeus, por exemplo) mas que faz igualzinho aqui.
Ainda na parte da não obviedade, eu, sinceramente, gosto muito de ver o cinema brasileiro pagão, sem se preocupar com política, sociologia, sem a obrigação de mostrar a violência das favelas ou a miséria do sertão. Melhor ainda é quando, além da ausência de antropologia, também foge daquela coisa toda "Global" de mostrar o Rio de Janeiro e seus calçadões, casais moderninhos, peruas, babás e prostitutas. Em O Cheiro do Ralo, o personagem principal é o dono de um antiquário, em algum ponto do mapa brasileiro não identificado.
Só pra acrescentar, o filme também joga com o lance de metáforas, o que sempre dá um arzinho de inteligência na parada e foi uma ótima jogada do diretor.

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