Enfim assisti à série Queer as Folk (Os Assumidos, no Brasil) britânica. Acho que todo mundo deve saber mas eu explico mesmo assim: a famosa série americana, com Brian, Justin e compania, era uma adaptação da original que foi ao ar em 1999 pelo Channel 4, famoso canal da TV aberta da Inglaterra, que inclusive foi o mesmo a realizar o mais famoso e belo filme gay-themed de todos os tempos, Beautiful Thing (Delicada Atração). Aliás, o nome do programa veio exatamente de um ditado popular do norte inglês que diz "there's nothing so queer as folk", ou seja, "não há nada tão estranho que o povo", levando-se aí uma vantagem quanto ao significado da palavra "queer", que até bem pouco tempo atrás tinha o único significado de "estranho", até se tornar uma gíria universalmente conhecida para o nosso equivalente a "viado". A história em si se passa em Manchester, e só por isso já valeria uma conferida, já que o particular sotaque dessa região é simplesmente deleitador (totalmente diferente do famoso sotaque londrino, ainda que mais forte). Um dos personagens centrais, Stuart Alan Jones, é de origem irlandesa e aí você ganha em uma só sacada dois dos sotaques mais deliciosos de ouvir no mundo de uma vez só ;)
Mas vamos ao mais importante, que é a comparação entre a realização britânica e a norte-americana. A história do primeiro episódio é exatamente a mesma. A única coisa que muda é o nome dos personagens. Stuart virou Brian, Nathan virou Justin, Vince virou Michael e até o bebezinho teve seu nome mudado de Alfred para Gus, mas todos já estavam lá. A partir do segundo episódio, as duas séries vão se tornando cada vez mais independentes, ainda que algumas tramas continuem claramente semelhantes. E se essa diferença é essencial para que a gente mantenha o interesse total na história, em parte algumas das particuliaridades inglesas tem papel tão importante quanto. Todo mundo sabe que os europeus são bem mais ousados e moderninhos que o povinho republicano lá dos USA, não? Em se tratando dos ingleses então, famosos por suas tribos jovens sempre vangardistas em drogas, sexo e figurinho, não podíamos mesmo esperar que as duas séries andassem na mesma frequência. Quer exemplos? Enquanto Justin tinha 17 anos quando perdeu a virgindade na série dos Estados Unidos, Nathan tinha apenas 15. E ele bebe, e fuma, e dirige em um país onde isto só é permitido ao 18 anos, e tem uma relação muito mais aberta e amigável com sua mãe. Não consigo imaginar tanta trangressão assim lá na terra do Tia Sam: só a homossexualidade já é tabu suficiente para um único programa.
Ah, sim! Os personagens ingleses são muito mais reais que os americanos. Por reais entenda: bem menos caricatos (ainda que assim o seja), bem menos intensos (intensidade fantasiosa é a maior marca das produções dos EUA), e bem menos belos. Compare Stuart à Brian e verá. E eu sei que a maioria das pessoas ainda prefere não abrir mão desse quesito beleza em suas telinhas e telonas, visto que, dizem, cinema é mesmo pra ser toda aquela fantasia reprimida que nunca se viverá na realidade e ponto final, mas eu ainda faço parte do clubinho daqueles que buscam identificação e experiências que se aproximem do que você poderia realmente viver se tivesse cem ou mais vidas.

O belo Gale Harold (Brian Kinney) e o gente-como-a-gente Aidan Gilles (Stuart Jones). Em comum, suas belezas só têm fato de fugirem do esteriótipo gay.
Triste mesmo é o fato de tudo isso não ter durado mais do que 7 míseros capítulos! Depois acabou, o roteiro foi vendido, a série foi colocada dentro dos moldes hollywoodianos, estorou no mundo todo, ganhou 5 temporadas do outro lado do Oceano, e ninguém mais sentiu falta da sua pioneira. Em 2005, nas comemorações de aniversário do Channel 4, ela ganhou um especial de 3 episódios. Apesar de ter sido gravado 6 anos depois, os episódios eram continuação daqueles 7 anteriores, como se nada mais do que dois ou três meses tivessem passado. A intenção era criar um desfecho para a história que tinha sido interrompida no meio do caminho. E esse desfecho aconteceu, e vale a pena ver, pois é uma versão completamente diferente daquele que a gente viu no desfecho da série dos Estados Unidos. Mas eu, sinceramente, achei o especial bem fraquinho. Aquela série dos fins dos anos 90, que tanto prometia, que tanto ousava, de repente ficou sem graça, com o seu final sem graça, boboquinha e visivelmente descuidado. Mas acho mesmo que a culpa não é dos realizadores, já que não dava mesmo pra pedir algo marcante em menos de 1 hora e meia de show extra. Definitivamente, Queer as Folk UK merecia a chance de ter tantos capítulos quanto a sua série genérica, para provar que poderia ser tão (ou provavelmente ainda mais) interessante que esta.
Mas vamos ao mais importante, que é a comparação entre a realização britânica e a norte-americana. A história do primeiro episódio é exatamente a mesma. A única coisa que muda é o nome dos personagens. Stuart virou Brian, Nathan virou Justin, Vince virou Michael e até o bebezinho teve seu nome mudado de Alfred para Gus, mas todos já estavam lá. A partir do segundo episódio, as duas séries vão se tornando cada vez mais independentes, ainda que algumas tramas continuem claramente semelhantes. E se essa diferença é essencial para que a gente mantenha o interesse total na história, em parte algumas das particuliaridades inglesas tem papel tão importante quanto. Todo mundo sabe que os europeus são bem mais ousados e moderninhos que o povinho republicano lá dos USA, não? Em se tratando dos ingleses então, famosos por suas tribos jovens sempre vangardistas em drogas, sexo e figurinho, não podíamos mesmo esperar que as duas séries andassem na mesma frequência. Quer exemplos? Enquanto Justin tinha 17 anos quando perdeu a virgindade na série dos Estados Unidos, Nathan tinha apenas 15. E ele bebe, e fuma, e dirige em um país onde isto só é permitido ao 18 anos, e tem uma relação muito mais aberta e amigável com sua mãe. Não consigo imaginar tanta trangressão assim lá na terra do Tia Sam: só a homossexualidade já é tabu suficiente para um único programa.
Ah, sim! Os personagens ingleses são muito mais reais que os americanos. Por reais entenda: bem menos caricatos (ainda que assim o seja), bem menos intensos (intensidade fantasiosa é a maior marca das produções dos EUA), e bem menos belos. Compare Stuart à Brian e verá. E eu sei que a maioria das pessoas ainda prefere não abrir mão desse quesito beleza em suas telinhas e telonas, visto que, dizem, cinema é mesmo pra ser toda aquela fantasia reprimida que nunca se viverá na realidade e ponto final, mas eu ainda faço parte do clubinho daqueles que buscam identificação e experiências que se aproximem do que você poderia realmente viver se tivesse cem ou mais vidas.

O belo Gale Harold (Brian Kinney) e o gente-como-a-gente Aidan Gilles (Stuart Jones). Em comum, suas belezas só têm fato de fugirem do esteriótipo gay.
Triste mesmo é o fato de tudo isso não ter durado mais do que 7 míseros capítulos! Depois acabou, o roteiro foi vendido, a série foi colocada dentro dos moldes hollywoodianos, estorou no mundo todo, ganhou 5 temporadas do outro lado do Oceano, e ninguém mais sentiu falta da sua pioneira. Em 2005, nas comemorações de aniversário do Channel 4, ela ganhou um especial de 3 episódios. Apesar de ter sido gravado 6 anos depois, os episódios eram continuação daqueles 7 anteriores, como se nada mais do que dois ou três meses tivessem passado. A intenção era criar um desfecho para a história que tinha sido interrompida no meio do caminho. E esse desfecho aconteceu, e vale a pena ver, pois é uma versão completamente diferente daquele que a gente viu no desfecho da série dos Estados Unidos. Mas eu, sinceramente, achei o especial bem fraquinho. Aquela série dos fins dos anos 90, que tanto prometia, que tanto ousava, de repente ficou sem graça, com o seu final sem graça, boboquinha e visivelmente descuidado. Mas acho mesmo que a culpa não é dos realizadores, já que não dava mesmo pra pedir algo marcante em menos de 1 hora e meia de show extra. Definitivamente, Queer as Folk UK merecia a chance de ter tantos capítulos quanto a sua série genérica, para provar que poderia ser tão (ou provavelmente ainda mais) interessante que esta.
PS:. Observe que até a trilha sonora americana foi copiada da britânica!

2 comentários:
vc sabe onde consigo baixar os episodios originias UK ?
não encontro em lugar nenhuma
legal o blog em... a postagem ficou muito boa, inclusive a usei com referência numa postagem no meu blog(http://landovolke.blogspot.com)e se vc puder responder a pegunta do lucas eu tbm agradeço...
Postar um comentário